- O trilho de um fotógrafo - 26 de Julho de 2019
Desde novo ficou impresso no meu ser as paixões do meu pai. Música, carros e fotografia.
O meu pai começou com uma Kodak 8mm, na altura que era correspondente. Posteriormente comprou uma Yashica (35mm analógica). Já nos anos 2000 adquiriu uma Canon EOS 300 (35mm analógica).
A casa cheia de discos de vinil e álbuns de fotografia, o meu pai com a sua câmara ao ombro, foi assim que a fotografia sempre fez parte da minha vida. Comecei em tenra idade a disparar nas câmaras analógicas do meu pai, cheguei a ter a minha própria câmara 35mm analógica, Fujifilm Smart Shot, que ainda hoje guardo carinhosamente. Fotografei com point-and-shoot (compactas) por muito tempo, mas foi com uma bridge que dei os meus primeiros passos no modo manual. Hoje fotografo com a minha fiel Olympus OM-D E-M 5 Mark II.

Eu escolhi a Olympus quando vi pela primeira vez a OM-D E-M5. O design dela inspirou-me. Fazia com que eu quisesse sair de casa para fotografar. Pesquisei e informei-me sobre o sistema, foram horas, dias, meses de artigos e vídeos em inglês, quando estava convencido que o sistema da Olympus era aquilo que procurava, saiu a OM-D E-M 5 Mark II.
Era esta que eu queria! Um ano depois, em agosto de 2016, com muito custo, sacrifício e risco, esta maravilha da engenharia passou a fazer parte do meu dia-a-dia. A Olympus e o sistema Micro Quatro-Terços ofereciam-me a possibilidade de ter uma ferramenta de alta qualidade que respondesse às minhas necessidades, mas sem acrescentar muito peso à minha mochila. Quando subo uma montanha ou viajo de avião gosto de estar leve, rápido e confortável.
Com o passar do tempo e à medida que a minha técnica e estilo evoluíram, comecei a investir mais no meu equipamento. Feliz com a qualidade de sobra da minha câmara com o sensor de 16Mpx, que me permite fazer impressões até 90 cm do lado maior, comecei a explorar as objetivas. Nada me fez evoluir tanto como a minha primeira prime, a 17mm f1.8 (34mm em equivalente full-frame).


Esta lente fixa obrigou-me a aprender a mover-me, a enquadrar e a aproximar-me, mas foi a qualidade da mesma que me fez investir em melhores objetivas. Assim cheguei à conclusão de que a qualidade das objetivas é muito mais importante do que a câmera que usamos. Com vidro de qualidade à frente do nosso sensor vemos o contraste, a definição e até mesmo as cores a ganharem vida. Com o tempo, apareceram na minha mochila a 12-100mm f4.0 (24mm-200mm) e a 7-14mm f2.8 (14mm-28mm) da Olympus, apesar destes conjuntos já não serem propriamente leves são weather sealed (resistente a salpicos, poeiras e congelação). E ainda assim muito mais leves que o equivalente nas DSLR. A construção em metal destas objetivas faz com que parecem autênticos tanques de guerra, são obras de arte e de engenharia, extremamente resistentes e bem construídas. Estes upgrades permitiram-me levar o meu equipamento a extremos como o frio da montanha e da neve ou o calor, água e vapores das termas da ilha de São Miguel.



Eu cresci nos Açores e como tal criei um laço com a natureza, com o passar dos tempos a curiosidade e o desejo pela aventura levou-me a explorar o mundo das caminhadas, do trekking, do montanhismo e até do todo o terreno. Foram estas atividades e o desejo de viajar que solidificaram a fotografia na minha vida. Neste momento encontro-me num longo percurso de autodidata explorando, experimentando, errando e aprendendo.

A fotografia de paisagem sempre foi a forte presença nos meus rolos e cartões de memória, mas hoje com a fotografia de viagens vejo-me a fotografar de tudo um pouco.
Os nasceres-do-sol e os pores-do-sol fazem parte da vida de quase todos os fotógrafos. A luz nestas alturas do dia é fenomenal. São chamadas de “Golden Hours”, termo proveniente dos fotógrafos do National Geographic para descrever a hora em que o sol ilumina o sujeito de uma forma mais homogênea, sem sombras profundas e com menos contraste, reduzindo assim a probabilidade de perder detalhes, principalmente nas limitações do alcance dinâmico do filme (dynamic range). Além disso essas horas são conhecidas pelos seus céus dramáticos e belos tons avermelhados.


Pessoalmente prefiro os nasceres do sol. Ver um lugar a acordar sem as multidões e os ruídos é algo transcendente, nem sempre a recompensa aparece, mas quando aparece é uma experiência impagável. Parece que nos fundimos com o que nos envolve e aquelas cores que capturamos numa fotografia passam a fazer parte de nós. Ultimamente tenho ganho algum fascínio pela “blue hour”, aquelas alturas do dia antes do nascer-do-sol e após o pôr-do-sol em que a luz ganha tons mais azulados e dá vida a contrastes que não vemos na presença do sol. Essas são as horas mágicas para as paisagens e é por isso que a fotografia de paisagem se agrega tão bem à de viagem. Quando terminam as horas mágicas é tempo de nos perdermos nas ruas.



Adoro fotografar os lugares por onde passo, principalmente quando encontro pontos de vista diferentes dos habituais. Para mim é importante tentar fundir-me com o local, ir além do turismo, das atrações e do ócio. Viajar é mais do que “eu estive ali”, para mim é mais “eu senti, saboreie, cheirei…vivi!”. Isso é o que acontece quando se viaja. Experiencia-se as culturas e com essas experiências vêm a fotografia de rua, de arquitetura, comida, paisagem, etc. A fotografia de viagem é um animal completamente diferente dos outros gêneros. Por muito que se planeie o tempo está contra nós. Estamos a fotografar um lugar novo, ao qual provavelmente não vamos voltar, não existe tempo para reconhecimentos ou esperar por um melhor nascer do sol, trabalhamos com as condições daqueles momentos.
Quando as condições estão contra nós, ajuda ter algo extra nas nossas fotografias. Eu tenho a sorte de ter o meu irmão Pedro e a minha mulher Vanessa, parceiros de viagem, aventura e fotografia. São eles, os meus modelos, às vezes pouco pacientes, que dão escala, profundidade e significado às minhas fotografias, mas principalmente às minhas experiências!

Segundo os meus pais, em pequenino eu dizia que quando fosse grande queria ser turista. Os desejos de menino não mudaram muito. Em vez de turista passei a querer ser viajante, conhecer e experienciar culturas e lugares, deixando nada, trazendo apenas fotografias e memórias.
O meu desejo para explorar novos campos da fotografia aumenta com cada click. Nunca sei qual será o próximo nem se terei arte para o conhecer. O que sei é que vou continuar…





